quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O cálice da Primeira Missa

 
Papa Bento XVI
Se você, leitor, tivesse podido participar da Última Ceia, já imaginou com que cuidado procuraria guardar na memória tudo quanto ali ocorreu? Cada gesto de Nosso Senhor, cada palavra d'Ele seria como um valioso tesouro de recordações para o resto de sua vida. Mas a realidade foi outra. Apenas os Apóstolos estavam à mesa com Jesus, quando Ele celebrou a Primeira Missa. Somente eles?

Para Deus não há tempo, tudo é presente. E por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao celebrar a Última Ceia, não tinha diante de Si apenas os Doze Apóstolos. Como Deus, Ele considerava também todos os membros da Igreja que ao longo dos séculos participariam do banquete eucarístico e se alimentariam de seu Corpo e Sangue. Na Santa Ceia, Ele nos tinha em vista, a todos nós, a você, leitor, e rezava ao Pai Celestial pela salvação de cada um. E, nesse sentido, nós também estivemos lá. Por esse motivo, quando participamos da Celebração Eucarística e ouvimos o sacerdote pronunciar as palavras da Consagração, podemos fazer- nos presentes na Última Ceia, à mesa com Jesus, ouvindo seus divinos ensinamentos, recebendo de suas adoráveis mãos o Pão Eucarístico, bebendo seu Preciosíssimo Sangue ou encostando a cabeça no peito do Senhor e ouvindo o pulsar de seu Divino Coração.

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1. A "Última Ceia, Catedral de Colmar, França2. O sagrado vaso utilizado por Jesus na Última

Ceia foi acrescido, em fins da Idade Média,
  de uma base de pedra e ourivesaria
3. São Lourenço, por Taddeo Gaddi
(Metropolitan Museum of Art, Nova York)
4. Em meados do séc. III, São Lourenço enviou
para Espanha o Santo Cálice, hoje exposto 
à veneração dos fins na Catedral de Valência
Isso torna-se mais facilmente sensível quando estamos diante de uma das mais preciosas relíquias de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Cálice que Ele usou na Última Ceia para consagrar o vinho. Foi esse valiosíssimo vaso sagrado que Sua Santidade Bento XVI usou na Celebração Eucarística em Valência, Espanha, no Encontro Mundial das Famílias. Poucos Papas tiveram o privilégio de celebrar com ele a Santa Missa. Levado para Roma por São Pedro, foi utilizado pelos Papas dos primeiros tempos, na Celebração Eucarística.

Segundo os historiadores, no Cânon Romano mais antigo encontrasse uma referência à existência desse Santo Cálice, pois no rito da consagração do vinho se dizia: "do mesmo modo, terminada a ceia, tomou este cálice glorioso em suas santas e veneráveis mãos...". Muitos opinam que "este cálice glorioso" é uma menção a um cálice concreto, ou seja, àquele que o Senhor usou na Última Ceia. Durante a perseguição do imperador Valeriano, São Lourenço o enviou para a Espanha, em meados do século III, a fim de evitar que ele caísse em poder dos pagãos. Hoje em dia, esta relíquia é venerada na Catedral de Valência.

Quando participamos da Celebração Eucarística, embora o celebrante não tenha em suas mãos uma relíquia tão preciosa, como a teve o Papa Bento XVI, e nossos olhos apenas vejam o altar e o sacerdote, a Fé nos ensina ser Jesus que, pelos lábios do ministro sagrado, pronuncia as palavras da Consagração, como na Última Ceia. No Sacrifício Eucarístico o passado se faz presente, e também nós estamos diante de Jesus no Cenáculo, como na Primeira Missa.

José Antonio Dominguez(Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 50)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Qual a missão dos Bispos na Igreja?

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Estando certa vez em uma cidade interiorana da Espanha, deparei-me com uma cena simples, mas inesquecível. Estava eu em meu quarto quando o ruído provocado por sinos e um murmúrio de voz humana eram trazidos pela suave brisa da tarde. Ao assomar-me à janela do quarto, vi que um rebanho de cerca de 40 ovelhas se apinhavam junto ao pastor que do alto de seu púlpito, uma pedra da colina, conversava com as ovelhas. Uma delas, pequenina, estava em seu ombro, parecia ferida. A outra acariciava com a mão. Outra recebia uma reprimenda por ter-se afastado imprudentemente do rebanho colocando-se ao alcance dos lobos espanhóis. A todas tratava o pastor pelo nome e as ovelhas, como se possuíssem inteligência, ouviam com avidez as palavras do bom campesino.


Esta cena, incomum em nosso ambiente urbano, mas tão antiga como o mundo, é uma imagem da função dos bispos na Igreja, prefigura pelo Divino Mestre. "Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem. Por elas dou a minha vida" (Jo 10, 14.15). Nesta passagem da escritura, vemos Nosso Senhor se apresentar como o perfeito pastor, capaz de ir ao encontro de uma só ovelha que se tenha desgarrado do redil, a ponto de, se preciso for, dar a sua própria vida. Fato que se deu realmente ao consumar sua paixão no Calvário. Por sua morte, redimiu todos os homens, salvando-os da culpa original, e abrindo-lhes as portas do Céu. Notamos, ademais, por esta narração feita pelo evangelista, um especial afeto e predileção para com a função de pastor entre os homens. Dela utilizou-se o Divino Mestre para simbolizar de uma maneira insuperável, seu zelo e amor por todos os homens. E este ofício, o Pastor Eterno quis confiar a São Pedro, constituindo-o pastor e chefe da Igreja Universal, dizendo-lhe após a sua ressurreição: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21, 15-17). Com estas palavras, Nosso Senhor, além de reafirmar o poder do apóstolo de ligar e desligar na terra e no Céu, deu-lhe a completa autoridade sobre a Igreja, passando a Sua própria função de apascentá-la.

Ademais, como nos ensina o Concílio Vaticano II: "Assim como permanece o múnus confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro entre os Apóstolos, e que se devia transmitir aos seus sucessores, do mesmo modo permanece o múnus dos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido perpetuamente pela sagrada Ordem dos Bispos". E isto é de fato, pois Aquele que elegeu a São Pedro como cabeça e fundamento da Igreja, escolheu alguns discípulos, dando-lhes o nome de Apóstolos (Lc 6, 13). "Do mesmo modo que a autoridade de Pedro é necessariamente perpétua no Pontificado romano, também os Bispos, na sua qualidade de sucessores dos Apóstolos, são os herdeiros do poder ordinário dos apóstolos, de tal sorte que a ordem episcopal forma parte da constituição íntima da Igreja". "Por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (Lc 10,16)." Sendo sucessores dos apóstolos, também passam a fazer parte do colégio apostólico. Do mesmo modo que os apóstolos eram unidos a São Pedro, os Bispos estão de igual forma unidos ao Romano Pontífice, sucessor de São Pedro, de maneira a que, sem a autoridade e união com o Vigário de Cristo, esse colégio episcopal perde todo o seu poder. Reunindo-se em concílios, este colégio episcopal guiou o povo de Deus desde os primeiros séculos da cristandade. Por ele as verdades da Fé são ensinadas; o rebanho de Cristo é orientado; os homens recebem a luz para chegar a plena santificação. Em suma, através dos Concílios, a nau da Igreja é guiada pelos mares da História com o forte impulso da suave brisa do Espírito Santo.
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"Os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos"
A missão de ENSINAR
Após a ressurreição milagrosa estando junto aos discípulos no monte das Oliveiras antes de ascender aos Céus, Jesus com sua voz indescritível e adorável ordenara: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16,15); "Batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19) Com estas palavras, Jesus quis deixar selada para sempre a missão dos apóstolos, e sucessivamente, a de todos os bispos. Segundo as palavras do Salvador, os Bispos, junto com os presbíteros e diáconos - os seus colaboradores - têm como dever principal anunciar com todo o empenho o Evangelho de Deus. Sendo dotados da própria autoridade de Jesus Cristo, "os Bispos são os arautos da fé que para Deus conduzem novos discípulos". Contudo a simples presença de um sucessor dos apóstolos deve também ser um reflexo vivo da palavra divina que anuncia, pois só desta forma fará brotar as sementes que afastam os erros. A esse propósito exortava São Paulo: "prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério" (2 Tm 4,2.5). Essa é a principal função pela qual todo Bispo se compromete: levar, pelo bem de seus súditos, a missão pastoral evangelizadora sem interrupções. Os fiéis, entretanto, devem estar de acordo com os ensinamentos de seu pastor, pois eles anunciam infalivelmente as doutrinas de Jesus, ao estarem em comunhão com o Bispo de Roma. Por sua sabedoria, suas pessoas se tornam sagradas perante os fiéis, os quais devem manifestar respeito e veneração por estes homens, testemunhas e reflexos vivos da doutrina divina e católica.

A missão de SANTIFICAR
"O Bispo e os presbíteros santificam a Igreja com sua oração e seu trabalho, por meio do ministério da palavra e dos sacramentos". Por estas duas formas, a Igreja no seu conjunto, é elevada a um mais alto patamar de santidade. A boa administração dos sacramentos, e em especial a eucaristia - pela qual Cristo quis perpetuar a memória de sua paixão - faz que as Graças infinitas de Deus se difundam sobre o orbe, comprando pelos méritos de Cristo, os benefícios para a salvação da humanidade.

A missão de GOVERNAR
Por sua própria potestade sagrada vinda desde os Apóstolos, os Bispos agem como legados do Senhor nas suas igrejas particulares, trabalhando de maneira a todos serem inteiramente unidos por meio do corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devem deste modo aconselhar, alertar e persuadir o seu rebanho rumo à verdade e à santidade, através, não só por suas palavras, mas principalmente por seus exemplos e virtudes.

Enfim, o bispo jamais pode ofuscar sua vista perante a grande vocação que o Senhor lhe deu, mas sim ter sempre presente o exemplo do Bom pastor que veio ao mundo para servir e não ser servido (Mt 20,28). Serviço que "para resgatar a essas ovelhas que confiou a Pedro e as seus sucessores", entregou seu corpo, derramando por completo seu precioso sangue na cruz. Neste sentido, assim nos diz a encíclica Lumem Gentium: "Tendo que prestar contas a Deus pelas suas almas (Hb 13,17), deve, com a oração, a pregação e todas as obras de caridade, ter cuidado tanto deles como daqueles que ainda não pertencem ao único rebanho, os quais ele deve considerar como tendo-lhe sido confiados pelo Senhor." Seguindo esses ensinamentos, o Bispo fará todo o necessário "para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus" (2 Cor 4,15).

Este é o sentimento e a compenetração que um católico deve possuir quando ao encontrar-se diante do Bispo diocesano, o Pastor de um inumerável rebanho.

Por Lucas Antonio Pinatti

terça-feira, 24 de julho de 2012

Bispo português lamenta a pobreza de algumas celebrações litúrgicas


Fátima (Terça-feira, 24-07-2012, Gaudium PressParticipando do 38º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, que está sendo realizado em Fátima, Portugal, o bispo de Bragança-Miranda, Dom José Cordeiro, teceu comentários a respeito do nível das celebrações litúrgicas da Igreja Católica.
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Celebração Litúrgica deve se expirmir tanto nas categorias de beleza como nas da verdade
O prelado lamentou a pobreza de algumas delas e destacou ser indispensável promover sua qualidade. Conforme Dom Cordeiro, infelizmente, em muitos lugares a liturgia "se reduz a uma proclamação de textos e execução técnica de gestos sem cantos, sem uma linguagem verbal e não verbal que manifeste o mistério e a arte de bem celebrar".
O bispo português destacou a urgência de se realizar uma "liturgia séria, simples, bela, que seja experiência do mistério", e ao mesmo tempo "inteligível, capaz de narrar a perene aliança de Deus com os homens", não esquecendo o "equilíbrio entre a palavra, o canto, o silêncio e o rito".
Segundo Dom Cordeiro é necessário que a liturgia se exprima tanto nas categorias da beleza como nas da verdade.
Iniciado nesta segunda-feira, 23, o 38º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica segue até a próxima sexta-feira, 27, gerando reflexões acerca do tema ‘Eucaristia, Sacramento de Caridade'. (BD)
Com informações da Agência Ecclesia.

sábado, 21 de julho de 2012

Professores serão retratados pela UNIJORGE


Na última segunda-feira, 16/07, a Sociedade Baiana de Educação e Cultura, representante da Universidade Jorge Amado, assinou, no Ministério Público do Trabalho, um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta por ter promovido dispensas discriminatórias de professores com título de mestres e/ou doutores. ..
Além de abster-se de praticar tais demissões discriminatórias, a UNIJORGE assumiu, perante o MPT, as obrigações de promover, durante cinco anos, um seminário anual abordando o tema “assédio moral e discriminação nas relações de trabalho”, além da implementação de um programa de acesso gratuito ao ensino superior, destinado a alunos originários de famílias de baixa renda. Serão disponibilizadas 25 vagas distribuídas conforme tabela abaixo:..
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Vale lembrar que, esse inquérito civil foi aberto pelo MPT após matéria divulgada pelo Sinpro-Ba denunciando a demissão em massa de mestres e/ou doutores pela UNIJORGE. O Sinpro-Ba cumpre a sua função de lutar pelos interesses dos/as professores/as e reafirma que essa luta só é possível com a atuação da categoria. Por isso, estejam atentos aos seus direitos e, em caso de irregularidade, não deixem de procurar o seu Sindicato. 
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Atenciosamente,
Diretoria Executiva Sinpro-Ba

Vaticano rompe com universidade católica peruana


O Vaticano retirou da Pontifícia Universitária Católica (PUC) do Peru o direito de continuar a se denominar Universidade Pontifícia ou Católica, afirmando que a instituição prejudicou os interesses da Igreja. A PUC peruana é uma das Universidades mais destacadas da América Latina. A instituição, localizada em Lima, foi fundada em 1917 e há décadas é identificada com o pensamento liberal e progressista. Gustavo Gutiérrez, padre considerado o fundador do movimento chamado Teologia da Libertação, lecionou por muitos anos na  Universidade, na qual se graduaram o presidente peruano, Ollanta Humala, e o ex-presidente Alan García.
O Vaticano disse neste sábado que o rompimento ocorreu depois que a Universidade modificou seu estatuto unilateralmente várias vezes e tinha "prejudicado gravemente os interesses da Igreja". Não foram dados mais detalhes.
O reitor da Universidade, Marcial Rubio, se desentendeu com o arcebispo de Lima, cardeal Juan Luis Cipriani Thorne, sobre o controle da instituição. Em 1986, a Universidade concedeu o título honorário de doutor ao então cardeal Joseph Ratzinger, o atual papa Bento XVI.
SÃO PAULO, 21 Jul (Reuters)  / Reportagem de Philip Pullella